O terceiro Bridgerton vale a leitura?


Há alguns anos, depois do lançamento da primeira temporada de Bridgerton na Netflix, comecei a ler os livros na ordem cronológica. Li o segundo volume inteiro e assisti à adaptação, mas confesso que o romance de Anthony e Kate não me prendeu. Depois disso, acabei deixando a leitura da saga de lado.

No feriado de Carnaval, decidi retomar a leitura e fui para o terceiro livro, Um Perfeito Cavalheiro. Minha primeira impressão foi que a história seguiria a clássica fórmula de Cinderela — e, de certo modo, é exatamente isso. Sophie Beckett é a filha ilegítima de um conde e, após a morte dele, acaba sendo tratada como empregada pela madrasta e as filhas dela. Em um baile de máscaras, Sophie conhece Benedict Bridgerton, e os dois têm uma conexão imediata. Mas, como em todo bom conto de fadas, a magia não dura: ela precisa fugir antes da meia-noite, deixando Benedict sem saber quem ela realmente é.

O que me surpreendeu no livro foi como a trama se desenrola depois desse encontro. Mesmo seguindo a estrutura clássica de Cinderela, a história não fica presa a ela. Benedict e Sophie se reencontram em circunstâncias completamente diferentes, e o romance se constrói de forma mais complexa do que somente o “amor à primeira vista” do baile.

Agora, sobre Benedict… Sempre achei ele o irmão mais “sem graça” dos Bridgertons, e Um Perfeito Cavalheiro não ajudou muito a mudar minha opinião. Mesmo sendo o protagonista da história, pouco se vê sobre a personalidade dele. Ele não tem uma característica marcante ou algo que o diferencie dos outros irmãos, e isso faz com que o livro pareça muito mais sobre Sophie do que sobre ele. Espero que na série consigam dar mais profundidade ao personagem, mas, sinceramente, não estou muito otimista — porque, até agora, ele continua sendo bem sem graça.

Já a Sophie tem um background interessante, mas me passou um pouco a mesma vibe da Bella de Crepúsculo. Ela não tem muitos pensamentos profundos sobre as coisas, não questiona muito o mundo ao redor, mas ainda assim é uma personagem fácil de se apegar. Criamos empatia por ela porque sua luta é genuína: ela não quer luxo ou um grande amor romântico acima de tudo, mas sim algo que realmente merece — uma família e uma vida melhor.

Apesar de todos esses pontos, o livro tem um ritmo gostoso, que vai aquecendo o romance até que você, de fato, começa a ler ansiando que o casal fique junto. Dizer que tem grande valor literário? Não posso dizer, mas que tem grande valor de entretenimento, isso é certeza. O final parece uma cena dos Trapalhões, sim, mas é uma leitura perfeita para um feriado de Carnaval.

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