Livros que eu gostaria de esquecer (e reler)

Poucas coisas nos marcam tanto quanto ler um livro pela primeira vez. A última página pesa ao ser virada, e na mente, quase dá para ouvir a voz de Galvão Bueno dizendo “bem, amigos, terminou”.

Nem sempre esses livros são os melhores que já lemos, mas são aqueles que nos tocaram tão profundamente que influenciaram como absorvemos cultura. E, apesar da vontade de reler, há sempre um certo receio—porque poucos são os livros que ‘crescem’ com o tempo.

Ainda assim, existem histórias que eu esqueceria sem pensar duas vezes, só para ter o prazer de descobri-las novamente. Aqui estão algumas delas:

1 - A Casa dos Espíritos - Isabel Allende

Sinopse: A Casa dos Espíritos, de Isabel Allende, é um clássico da literatura latino-americana que narra a saga da família Trueba ao longo do século XX no Chile. Com uma escrita envolvente e elementos de realismo mágico, o romance acompanha Esteban Trueba, um patriarca marcado pela ambição e pela violência, e as mulheres da família, como Clara, dona de dons clarividentes, e Alba, neta socialista em conflito com o avô. Em meio a amores, tragédias e transformações sociais, a obra constrói um panorama da história chilena, culminando em um desfecho impactante que transforma palavras em silêncio e narrativas em sangue.

Meus porquês: A Casa dos Espíritos me tocou de muitas formas. Como mulher, me conectei profundamente com a maneira como as personagens, geração após geração, vivenciam a intuição e interagem com um mesmo ambiente. Há algo de poderoso nesse fio invisível que une mulheres através do tempo, quase como um laço espiritual.

Além disso, o retrato do Chile em meio às trocas de regime e como os personagens vivem essas mudanças tornam a história ainda mais intensa e real. É um livro que não somente conta uma saga familiar, mas também imprime no leitor a sensação de estar atravessando a história com eles.

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2 - Flores para Algernon – Daniel Keyes

Sinopse: Flores para Algernon é o tipo de livro que chega sem alarde e muda tudo. Lançado em 1966, vendeu mais de 5 milhões de cópias e virou leitura obrigatória em escolas dos Estados Unidos. A história segue Charlie Gordon, um homem de 32 anos com um QI de 68, que se submete a um experimento científico para aumentar sua inteligência. Tudo isso é contado através dos relatórios que ele mesmo escreve – e é aí que o impacto do livro acontece. À medida que Charlie vai mudando, sua escrita muda com ele, e o leitor percebe, linha por linha, as consequências dessa transformação. É um livro que te faz pensar sobre inteligência, empatia e o que realmente significa ser humano.

Meus porquês: Esse livro me fez chorar na van a caminho da faculdade. Chorar de soluçar. Ele me fez pensar sobre como tratamos a fragilidade do próximo. Sobre como a nossa sociedade é aberta ao bullying e como algumas pessoas se aproveitam da inocência alheia – e, para elas, quanto mais inocente, melhor. Charlie vê o mundo mudar diante dos próprios olhos, mas a verdade é que o mundo sempre foi assim. Só que agora ele percebe.

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3 - Orgulho e Preconceito – Jane Austen

Sinopse: Orgulho e Preconceito é aquele livro que a gente lê uma vez e nunca esquece. Publicado em 1813, ele continua sendo referência para praticamente todo romance escrito depois. Elizabeth Bennet e Mr. Darcy não são só personagens – são a base de um dos casais mais icônicos da literatura. Jane Austen criou uma história que atravessa gerações porque, no fim das contas, seguimos cometendo os mesmos erros: julgando sem conhecer, nos deixando levar pelo orgulho e percebendo tarde demais que estávamos errados o tempo todo.

Meus porquês: O amor de Mr. Darcy e Elizabeth Bennet é o tipo de romance que cresce gradualmente, que transforma os personagens e, de certa forma, também quem está lendo. Austen constrói a relação dos dois de um jeito que faz a gente sentir cada olhar trocado, cada mal-entendido, cada mudança de sentimento. Você se apaixona com eles, sente o orgulho ferido, a tensão e, no final, aquela certeza de que algumas histórias são atemporais porque tocam algo essencial na gente.

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Alguns livros ficam conosco para sempre. Não só pela história que contam, mas pela forma como nos tocam. São aqueles que nos fazem chorar na van a caminho da faculdade, que nos fazem sentir o amor crescer página a página ou que nos dão um novo olhar sobre o mundo.

E, por isso, o maior elogio a um bom livro é “eu queria esquecer, só para poder ler de novo”.

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